Pesquisadores da UEM criam fungo magnético para retirar poluentes da água e conseguem patente do projeto
12/07/2025
(Foto: Reprodução) Pesquisadores da UEM criam fungo magnético para absorver poluentes da água
Pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) criaram fungos magnéticos capazes de absorver poluentes da água. O projeto conseguiu recentemente uma carta-patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
A invenção, desenvolvida pelo Laboratório de Biotecnologia da universidade, foi usada inicialmente para remover resíduos como corantes da indústria têxtil, mas também vai ser testada em outros poluentes.
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A pesquisadora Andressa Domingos Polli contou que o projeto surgiu da colaboração entre os departamentos de biotecnologia e física e começou em 2015.
A ideia foi juntar microrganismos que existem dentro das plantas com partículas magnéticas, o que resultou no fungo que age como um imã, atraindo os poluentes da água.
"A nossa patente consiste num processo de obtenção de um nanobiocompósito, que é a junção desse microrganismo - fungo endofítico - com a nanopartícula metálica, que é magnética. Quando eu faço a união dos dois, essa nano partícula fica aderida à superfície e dentro do fungo", explica Polli.
Dessa forma, é possível colocar o fungo em diferentes ambientes, como um ponto de água contaminada, e fazer a remoção desse microrganismo. "Como ele está magnético, a gente consegue usar um campo magnético para atrair esse fungo. A gente coloca ele no ambiente, ele faz o tratamento e depois a gente consegue recuperar", afirma a pesquisadora.
Fungos magnéticos foram testados na remoção de poluentes das águas.
Ronaldo Vanzo/RPC
De acordo com os criadores do projeto, o nanobiocompósito apresenta eficácia de até 96,1% de descoloração do corante poluente no primeiro uso, e 89% na reutilização. Os testes realizados ainda mostraram que não há toxicidade na tecnologia, pois o nanobiocompósito é bem tolerado pelo fungo e não compromete o crescimento dele.
Conforme o pesquisador Júlio Cesar Polonio, a tecnologia foi desenvolvida para o tratamento de resíduos têxteis, mas alguns trabalhos realizados por outros alunos usando o mesmo material demonstrou o potencial de retenção de metais pesados. Por isso, o objetivo agora é utilizar o fungo magnético para explorar a reação em outros tipos de poluentes.
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Conquista da patente
Segundo Polonio, a patente foi solicitada em 2020 e, após cinco anos, o pedido foi aprovado. Com isso, ele explica que os direitos de exploração da invenção ficam garantidos aos pesquisadores e à instituição. Ou seja, caso alguma empresa ou indústria esteja interessada na tecnologia, o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da UEM, será o responsável por fazer a gestão da patente.
Com a conquista, os pesquisadores esperam que a tecnologia possa ser aplicada em escala industrial e contribua para a redução da poluição hídrica.
"Nós ainda estamos em escala laboratorial. Mas, para chegar em algo que possa beneficiar a comunidade como um todo, ainda precisaria de um apoio financeiro, um aumento de escala para fazer esse filtro ou formar uma membrana, algo que possa reter o microrganismo. Tendo isso, a gente espera que a tecnologia que nós desenvolvemos chegue para as pessoas e que possa melhorar a qualidade das águas", disse Polonio.
Projeto utiliza fungos e magnetismo para remover poluentes da água
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